sexta-feira, 29 de outubro de 2010

É difícil vender o que não se sabe que se tem

Alexandra Prado Coelho esteve no Irão na década de 90, no 10º aniversário da Revolução. Relembra a experiência como qualquer coisa muito diferente do que via no dia-a-dia. Tentou adaptar-se, mesmo sem conhecer bem os códigos, ao modo de estar que imaginava ser o mais apropriado para uma mulher naquele contexto. Mas a sua imitação provisória do que ainda não conhecia não passou despercebida, não se fundiu com o resto.
É difícil fugir ao que conhecemos e ver o que está à nossa volta com outros olhos que não os nossos, admite. Calcula que o Irão tenha mudado consideravelmente desde então, porém, há muitos aspectos que ainda permanecem. O que vemos em My Tehran for Sale de Granaz Moussavi é a luta de uma juventude por uma liberdade cultural e de expressão. Alexandra relembra uma entrevista que fez a dois jovens em que o mote era precisamente esse. Para além de uma vontade de libertação, existia neles a noção de que a liberdade em demasia poderia levar as pessoas à loucura – elas não saberiam o que fazer, como escolher.
Granaz Moussavi quis mostrar outras imagens do Irão, uma outra visão, diferente do que passa nas televisões, do que se inventa na ausência dos factos. O sofrimento da personagem principal, Marzieh, não é só o de alguém que precisa de sair de uma situação insustentável, mas também o de uma pessoa que nutre um amor profundo pelo seu país. Este é um sentimento que atravessa os iranianos, apesar das condições em que vivem e dos vários movimentos que procuram contrariar isso. Miguel Valverde deu o exemplo do hip hop iraniano, que se tem difundido através da Internet, com bastante sucesso em países como os Estados Unidos, a Austrália, a África do Sul, etc.
A música ocidental também marca presença no Irão e, segundo Alexandra Prado Coelho, o cinema, nomeadamente o mais comercial, não é inacessível. A jornalista conta que foi convidada para um jantar em casa de uma família iraniana, onde se falou de filmes que ainda não tinham estreado no cinema – entre eles Titanic de James Cameron – e que todos eles já tinham visto. Entre algumas contradições, há coisas que começam a mudar, às vezes de forma lenta, enquanto ainda pesa a tradição e uma certa saudade de tempos em que as coisas eram mais claras e a liberdade não estava suficiente próxima para poder ser, também ela, uma ameaça.
Fotografia: Jorge Godinho

Jaffa, a laranja protagonista

Margarida Tengarrinha, homenageada com a Medalha de Mérito Municipal Grau de Ouro pela Câmara Municipal de Portimão em 2005 e representante do Conselho Português para a Paz e Cooperação, foi convidada especial da sessão de ontem, que mostrou o documentário Jaffa, the Orange’s Clockwork de Eyal Sivan. O realizador israelita, professor de cinema em Londres, conta já com uma filmografia relevante, com vários documentários que abordam o conflito israelo-palestiniano.


Neste caso, como referiu Margarida Tengarrinha, a laranja é a personagem principal, tema ancestral e popular na representação da Palestina pela pintura, pela música, na memória dos seus habitantes e nas conjecturas feitas por outros países. Os quadros que vemos são, nas palavras dos artistas e estudiosos entrevistados, sobre a ideia de laranja, uma afirmação do lugar onde pertence aquele povo. "Durante muito tempo, Israel não existiu, só a tragédia”, contam.


Ao contrário do que é comum nos documentários, aponta Tengarrinha, aqui são as imagens que dão lugar às entrevistas: elas dominam o filme e os testemunhos dos entrevistados corroboram aquilo que elas mostram. A imagem que desmistifica, que esclarece e faz emergir a realidade, contrasta com a que serve a propaganda e cria um mundo ilusório (a propósito disto, ver também Fantasia Lusitana de João Canijo, que será exibido na sessão de encerramento de dia 30, sábado, às 22h).   

Jaffa, a laranja de toda a Palestina, chegou a ser das mais exportadas em todo o mundo. Em 1948, quando começaram os desentendimentos, ela ainda não era uma marca registada, mas, ainda assim, ela era para os citrinos o que a Coca-Cola era para os refrigerantes. A cidade de Jaffa, com os seus pomares, foi um lugar onde o trabalho era sinónimo de saúde, juventude e progresso – quase com um tom soviético e, na opinião de alguns, assustadoramente próximo de uma propaganda nazi.

Mas a certa altura deixou de se perceber qual o significado, ao certo, da palavra “Jaffa” – seria a laranja, uma cidade da Palestina, ou apenas uma palavra? A própria cidade foi apagada pela marca e a laranja tornou-se a principal referência de um país ao qual os emigrantes judeus diziam ter trazido “o progresso à desolação”. Contudo, foram os próprios israelitas que destruíram, a pretexto de eliminar a ameaça de atiradores que se escondiam nos pomares, essa fonte de riqueza que já existia antes da sua chegada. A laranja tornou-se assim uma imagem de morte e o tema virou-se contra eles.

Uma das grandes virtudes deste documentário está na beleza das suas imagens, diz Margarida Tengarrinha, licenciada em pintura na ESBAL, onde iniciou a sua luta contra o regime salazarista. Além disso, nenhum dos lados é favorecido em detrimento do outro: “A isenção deste filme é o que constitui a sua maior força.” Margarida esteve em Israel em 1976, quando o conflito já existia, e contou alguns episódios que comprovam quão enganadora pode ser a imagem que, à distância, se tem destes países.

Mas a laranja também simboliza a mulher, a relação com a terra e a fertilidade. O papel da mulher também foi discutido na conversa seguinte, com Alexandra Prado Coelho, após a sessão de My Tehran for Sale.

Votação do Público

A classificação provisória é a que segue:

1. José & Pilar - 4,85

2. Jaffa, the Orange's Clockwork - 4,06

3. Tehroun - 3,93

Lembramos que os boletins de voto são distribuídos no início de cada sessão e entregues no final, preenchidos de acordo com a vossa preferência.

O filme mais votado pelos espectadores será o vencedor do Prémio do Público Ministério da Cultura - Direcção Regional Cultura do Algarve será exibido no dia 31, domingo, às 21h30.

Em apenas dois dias “Visões do Sul” superam espectadores da primeira edição

No final do segundo dia, eram 1677 os bilhetes emitidos para a Mostra Internacional de Cinema de Portimão “Visões do Sul”, mais 92% do que no total da sua primeira edição, em 2008. A mostra começou na terça-feira, dia 26, com “José & Pilar”, de Miguel Gonçalves Mendes e termina no próximo domingo, com a exibição do filme mais votado pelo público. Todas as sessões decorrem no auditório do Museu de Portimão.

Inserida nas comemorações dos 150 anos do nascimento de Manuel Teixeira Gomes, a programação das “Visões do Sul 2010” é inspirada nas viagens do autor pelos países do mediterrâneo. Entre os 13 filmes exibidos, há produções do Líbano, Senegal, Irão, Brasil, Israel, Turquia, Tunísia, França, Espanha e Portugal, entre outros. Todas as sessões são apresentadas por um convidado que tem uma conversa com o público após o filme.

No sábado, dia 30, a festa de encerramento será no Cool Bar (traseiras do edifício Casa da Praia), na Praia da Rocha, a partir da meia-noite.

A identidade reinventada

Entre 1918 e 2008, Acácio Videira e a mulher dividiram as suas vidas entre Portugal, Angola e Brasil. Ainda que Maria da Conceição fale dessas terras como se coubessem em postais, o que fica para contar em forma de memórias, histórias, fotografias e excertos de filmes de Videira é suficientemente enorme para nos perdermos (e encontrarmos também). JP Simões esteve no Museu de Portimão, à conversa sobre o filme Acácio de Marília Rocha.

A realizadora foi à procura de qualquer coisa quando fez este filme – do tesouro de Acácio, como conta ao longo de uma viagem de comboio, que a ele lhe chama a atenção para o que foi vivido e em grande parte esquecido, e a ela lhe abre horizontes para uma outra forma de abordar a sua identidade e a do seu país.

O casal era vizinho da realizadora e relata aqui a sua vida itinerante, rica na exploração de diferentes culturas que em conclusão se interligam. Os tempos de Angola são os que Acácio relembra com maior nostalgia e gratidão.

As imagens das tribos, em sobreposição, evocam uma origem que também pode ser reinventada. De resto, a relação de Acácio e Maria da Conceição assemelha-se curiosamente à de José e Pilar que vemos no documentário de Miguel Gonçalves Mendes. Ela também é uma espécie de força motriz da relação e, neste caso, providencia um equilíbrio entre a sua tagarelice e os momentos de silêncio de Acácio. Por outro lado, a velhice deste homem contrasta com a vitalidade das imagens, comenta JP Simões. O entusiasmo com que falou do filme deixou transparecer uma auto-descoberta que se encontra com as descobertas de outros pelo caminho.
O músico, que além do seu projecto a solo integrou, nos últimos 16 anos, bandas como Pop dell’Arte, Belle Chase Hotel e Quinteto Tati, descreve o seu trabalho como “um trabalho essencialmente de auto-exploração”. De resto, a sua escolha para apresentar este filme não foi fruto do acaso. O avô era brasileiro, de Niterói, e a influência da música brasileira no seu estilo não escapa aos ouvidos mais atentos.

Entre algumas notas sobre a sua carreira, que se divide entre a música, a poesia, o cinema e outros voos, falou-se sobre a dificuldade de pensar as pessoas fora da cultura. As ideias de um povo, a sua arte e as suas práticas são aquilo que ele é, disse. E acrescentou ainda: “As opiniões das pessoas sobre as coisas dizem mais sobre as pessoas do que sobre as próprias coisas”.


 Fotografia: Jorge Godinho

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um tipo de pobreza que não é de espírito

Será que as coisas mudam sempre em direcção ao ponto de partida?

Não, não vamos falar de revoluções, de ciclos viciosos, de quem é afinal o culpado – mas quase. Na opinião de Teresa Nogueira, representante da Amnistia Internacional que esteve à conversa com o público sobre o filme Tehroun de Nader T. Homayoun, exibido ontem, “enquanto cidadãos temos a obrigação de alertar as autoridades para as situações que não estão correctas e de exigir que o governo do país lhes ponha um fim”.  O tráfico de pessoas (com cerca de 2,4 milhões de vítimas de exploração sexual e agrícola, entre as quais muitas são crianças), constitui uma das práticas ilegais que mobiliza mais dinheiro, mais ainda que o tráfico de droga. O Engenheiro Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, apontou para um total de 3,5 mil milhões de euros gastos na U. E. em tráfico de pessoas (2009).
A propósito destas questões, Tehroun, filmado às escondidas nas favelas de Teerão, conta uma história onde a pobreza obriga a comportamentos moralmente questionáveis e onde a vida humana vale aquilo que pode valer, em função de outras prioridades que se jogam consoante o poder ou vulnerabilidade de cada um.

A selva urbana retratada acolhe injustiças não muito diferentes das que podemos observar todos os dias, nas ruas de cidades a Norte e a Sul, e o dilema mantém-se: a moeda que se dá a um mendigo é um auxílio pontual ou perpetua o problema? Teresa Nogueira não esquece que muitas pessoas são levadas a viver de uma forma marginal, sem que isso signifique que não têm sentimentos ou que o seu carácter é fraco. Ibrahim, a personagem principal, está numa situação dramática. A vida para ele nunca foi fácil, por isso viu-se obrigado a tentar a sorte noutra cidade, onde um pequeno esboço de sonho acaba por se transformar num pesadelo.

Quanto mais Ibrahim se esforça para encontrar uma solução, mais fundo é o abismo onde acaba por cair. Com a mulher grávida para sustentar, é obrigado a usar uma outra criança como isco para a piedade dos transeuntes e, apesar do filho não ser seu, a sua preocupação é genuína e leva-o a criar laços afectivos que o dividem em dois: pai por força das circunstâncias de uma criança que não é sua e modelo mal esculpido do pai que ainda não consegue ser para o próprio filho. Esta vida dupla também é retratada no que diz respeito a uma juventude que vive num impasse entre a tradição e uma nova sede de liberdade em My Tehran for Sale de Granaz Moussavi, que passa hoje às 21h45. 

Teresa Nogueira sublinhou a importância da acção do governo nestas matérias e, principalmente, o dever que cada um tem de não ser mero observador. Há medidas concretas que podem ser tomadas e a Amnistia é um exemplo de acção e de alerta e responsabilização dos governos, que lança o convite a cada um para ficar a conhecer melhor as suas iniciativas.

Fotografia: Jorge Godinho

Um José Saramago antes e depois de Pilar


Poucos minutos antes da abertura oficial, enquanto ainda eram comprados os últimos bilhetes para uma sessão esgotada, Margarida Vilanova partilhava ideias sobre o seu trabalho como actriz e, também, como pessoa.

Esse trabalho interior é como a viagem (uma vez) de um elefante, tal como a conta José Saramago no seu romance e também no documentário José & Pilar de Miguel Gonçalves Mendes, que passou às 21h30, com a presença do realizador.

José Gameiro, director do Museu de Portimão, deu as boas-vindas a uma sala cheia. O presidente da Câmara, Manuel da Luz, abordou o conceito das “Visões do Sul”, sublinhando que a iniciativa não deve ficar pela segunda edição. A visão, esse sentido tão preponderante nos tempos actuais, tem muito de curioso, já que, mesmo proliferando, “nem toda a gente consegue ver” num sentido mais profundo da palavra. “A esquizofrenia do ver é um bom exercício”, salienta Manuel da Luz, na medida em que ela possibilita, mais do que uma cidade educativa, uma cidade educadora.


De resto, o Sul não é apenas uma posição geográfica, é “um modo de estar e de viver”, e Miguel Gonçalves Mendes, que viveu grande parte da sua vida no Algarve, concorda com a afirmação.

José & Pilar
demorou quatro anos a ser feito e, pelo realizador, poderia continuar a ser editado durante mais seis meses, pelo menos – o que não é surpreendente se tivermos em conta que, depois de um longo período de filmagens durante o qual acompanhou a vida (mais que) atarefada de José Saramago e a mulher, Pilar del Rio (entre viagens a Espanha, Brasil, Finlândia e Portugal), recolheu 240 horas de imagens. As hipóteses multiplicam-se e os 125 minutos com que o filme ficou no final fazem Miguel Gonçalves Mendes interrogar-se a respeito do que ficou de fora ou se as suas opções foram as mais correctas.

"O que o levou a fazer um filme sobre José Saramago?" foi uma das perguntas do público. Miguel Gonçalves Mendes queria tirar a limpo algumas ideias. Já conhecia e admirava o trabalho do escritor, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1998, e também já o tinha convidado a ler um excerto do Memorial do Convento em D. Nieves, sobre a “palavra” saudade. Quando perguntou a Saramago se poderia filmar o seu dia-a-dia com Pilar, a palavra “intimidade” não o deixou muito confortável em relação à pertinência das coisas que o realizador queria registar. As filmagens avançaram devagar, contou aos espectadores que o aplaudiram de pé (entre um e outro “bravo!” que soava na fila da frente), e registaram vários eventos públicos. Mas entre os vários órgãos de comunicação social, o casal percebeu desde logo que o que aquela câmara estava a filmar era outra coisa.

 “Quis neste filme fugir a tudo o que fiz no anterior”.

Miguel Gonçalves Mendes quis captar um registo mais pessoal, que não encontrava noutras entrevistas: “A palavra dele estava mais que difundida”. De resto, para ficar a conhecer o pensamento de Saramago, nada como ler os livros. Este filme é uma outra coisa, uma outra perspectiva. Ele fala sobre a morte e sobre a urgência do tempo, diz o realizador, ciente de que essas são, no ponto de partida e de chegada, preocupações suas.
Um outro assunto é esta mulher, Pilar del Rio, e o papel importante que ela desempenhou na internacionalização da obra do marido. Saramago chegou a ver o filme, numa primeira versão com a duração de 3 horas, e a sua observação final foi “Isto é uma dedicatória de amor à Pilar”. Ela respondeu-lhe dizendo que a sua vida era uma dedicação de amor a ele.


“Passem a palavra, porque é para isso que os filmes se fazem. Para serem vistos".

Fotografia: Jorge Godinho

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O (que se passa no) mundo está dentro de nós, mas está cá fora também

Ontem, no Auditório do Museu de Portimão, falou-se sobre liberdade, identidade e outros fantasmas. Nesta primeira sessão, que teve início às 19h15, foram exibidas as curtas metragensThe Mourning of the Merry Stork de Eileen Hofer e Un Transport en Commun de Dyana Gaye – duas ficções que reflectem, à sua maneira, sobre as fronteiras que recortam uma identidade desenhada por limites e possibilidades e que, uma vez ultrapassadas, nos podem mostrar facetas de nós próprios que desconhecemos.

Un Transport en Commun

“Quando viajamos isso reduz-nos à nossa insignificância, o que não tem que ser uma coisa má”
, disse Margarida Vilanova, que esteve à conversa com Miguel Valverde e com o público no final da sessão. A biografia de Manuel Teixeira Gomes subscreve esta ideia, que pode ser aplicada facilmente. Basta “respirar e olhar para o lado”, sugere a actriz. É interessante descobrir como é que as pessoas pensam, vivem e sentem no Líbano ou no Senegal, mas é ainda mais interessante perceber que não há verdades absolutas nestas coisas. No final de contas, as nossas histórias tão irremediavelmente diferentes estão tão próximas que a necessidade de as contar e a de as ouvir são, em última análise, coincidentes.
Eileen Hofer conta em The Mourning of the Merry Stork, a fuga de um casal do Líbano, com o culminar da guerra, e o nascimento de uma criança fora do seu “verdadeiro” país. A situação que a inspirou foi a que os próprios pais viveram, quando a mãe ainda estava grávida, e esta proximidade da experiência pessoal da realizadora desperta, em Margarida, uma certa curiosidade em relação a quem está por detrás da câmara. Enquanto actriz, a entrega à história e às emoções das personagens também lhe pede essa proximidade, por um lado, e alguma distância, por outro, mas valoriza o realismo. Relembra a personagem de Natacha do filme “O Milagre Segundo Salomé” (2004), de Mário Barroso, como uma das mais densas.

O trabalho do actor em Portugal foi um dos assuntos discutidos: porque não uma maior versatilidade encorajada à partida, que contemple mais do que uma maneira bonita de dizer as palavras e que implique uma relação mais viva com o espaço? De facto, às vezes o que se diz nem é o mais importante. Um bom exemplo disso é a musicalidade de Un Transport en Commun.
"Quanto mais pessoal é a história, mais as pessoas se relacionam."
Margarida Vilanova falou sobre o poder da música para expressar emoções e situações que transbordam a palavra: “Todas as personagens têm uma consciência política, e (no caso de “Un Transport en Commun”) dizem-no a cantar, o que é comovente”. Houve quem se manifestasse apontando para o facto de a música ser demasiado ocidentalizada, com uma sonoridade pouco africana. Há dois pontos importantes a ter em conta aqui: a realizadora, Dyana Gaye, vive em França e não é imune a uma cultura musical rica em influências, não raras vezes contraditórias (nesta comédia, a sua abordagem opera uma síntese interessante de vários estilos, aliando-os quer de forma complementar, quer como contraponto).

Por outro lado, se investigarmos com a devida atenção as origens do jazz, da música brasileira, entre outros, dar-nos-emos conta das fortes raízes que têm em África. Assim sendo, nada se perde, tudo se transforma e regressa, para partir de novo. Também é esta a história de Un Transport en Commun. As pessoas que partilham um táxi da estação de Pompiers, em Dakar, para Saint Louis não se conhecem. Não parecem ter muito em comum e reagem como se reage sempre que não se conhece bem uma pessoa – estranham, implicam umas com as outras, tentam conhecer-se melhor.

A propósito da liberdade, que se move com maior ou menor destreza entre as várias condicionantes – um contexto social, uma educação, a família, os amigos –, diz Margarida que ela nunca é total. Dizia também Saramago: “Vivemos rodeados de sinais, nós próprios somos um sistema de sinais.”

E mesmo as notas dissonantes que se articulam com uma certa sonoridade, comprovada, uma herança que é o preço (que ora nos parece exorbitante, ora um bom negócio) a pagar por ter um lugar onde pertencer, fazem parte da melodia. A transgressão faz parte, como o que não somos ou achamos que não podemos ser está inevitavelmente ligado ao que somos. No final de contas, a escolha é o momento-chave que selecciona o que queremos ver. Não raras vezes, ela conduz-nos a um caminho que não vinha no mapa.

Mas se nos perdermos também não faz mal. Afinal de contas, a liberdade não é nenhum bicho de sete cabeças. E chegado o fim do percurso, as personagens despedem-se e seguem o seu caminho, mas é outra viagem que começa. Há filmes, como aqueles de que Margarida gosta, que além de reflectir sobre questões difíceis, não deixam de fora uma mensagem de esperança. Neste caso, “ambas as realizadoras são da geração de 70 e debatem-se com as mesmas questões, que marcam presença em cada um dos filmes.” O que é que se passa no mundo? Boa pergunta. É preciso ver o mundo para responder. Mas há uma outra coisa que eles também têm em comum: “O amor atravessa estes filmes e é ele que move as personagens e as faz sonhar com uma vida melhor – com um amor perdido, com uma família, com um lar”.

Margarida relembra: “A cultura faz avançar um país, abre os horizontes e deixa-nos pensar num mundo melhor”. Vamos pensar nisso.

Fotografia: Jorge Godinho

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Café "Visões do Sul"

De 27 a 30  de Outubro,Café "Visões do Sul", situado à entrada do Museu de Portimão, vai estar aberto entre as 18h30 e a 01h, para receber o público e os realizadores, promovendo momentos de convívio antes e depois das várias sessões da mostra (consulte aqui a grelha). Neste espaço terão lugar encontros com convidados, música, bebidas e refeições ligeiras.

No dia 30 de Outubro, a Festa de Encerramento acontece entre as 00h e as 04h, no Cool Bar - Edifício Casa da Práia, 14 (traseiras do edifício), na Praia da Rocha. Segue-se, no dia 31, domingo, a exibição do filme vencedor do Prémio do Público Ministério da Cultura - Direcção Regional Cultura do Algarve, escolhido pelos espectadores.


domingo, 24 de outubro de 2010

Visões para 30 e 31 de Outubro

Nas circunstâncias mais improváveis, criam-se laços entre as pessoas, para além do que as rodeia - seja este um cenário de guerra ou a reconstrução de um prédio que vem ameaçar a ordem habitual das coisas. No dia 30, sexta-feira, a 2ª Mostra Internacional de Cinema de Portimão vai mostrar Women Without Men, às 15h, e 10 to 11às 18h. A sessão de encerramento terá lugar às 22h, com Fantasia Lusitana de João Canijo. 

No dia 31, domingo, será exibido, às 21h30, o filme vencedor do Prémio do Público Ministério da Cultura – Direcção Regional Cultura do Algarve, votado por todos os espectadores da Mostra.

WOMEN WITHOUT MEN
Shirin Neshat, fic., 2009, 99’

Apesar do tumultuoso golpe de estado que teve lugar no Irão em 1953, organizado pela CIA, o destino de quatro mulheres cruza-se num bonito jardim, onde encontram independência, consolo e companheirismo.

A sessão será apresentada por Inês Medeiros. Nascida em Viena, em 1968, passou a sua infância na Áustria, radicando-se em Lisboa em 1975. Estudou Literatura Portuguesa e Filosofia na Universidade Nova de Lisboa. Estreou-se no cinema em 1981. Participou em mais de 30 filmes incluindo O Sangue de Pedro Costa. Realizou duas curtas metragens e o documentário Cartas a uma Ditadura (2006). Actualmente é deputada à Assembleia da República.


10 TO 11
Pelin Esmer, fic., 2009, 110’

Esta é a história de um coleccionador obsessivo, Mithat, e do porteiro do prédio dele, Ali. Quando os vizinhos decidem reconstruir o edifício para valorizar as suas casas, começa o desafio da luta de Mithat para salvar as suas colecções e o prédio torna-se o destino comum destes dois homens que vivem sozinhos, e que, involuntariamente, mudarão o destino um do outro.

A sessão será apresentada por Gonçalo M. Tavares. Nascido em Luanda, em 1970, publicou a sua primeira obra em Dezembro de 2001. Desde então, editou romances, contos, ensaios, poesia e teatro. Recebeu vários prémios, entre os quais o Prémio José Saramago 2005, o Prémio LER/Millennium BCP 2004 e o Prémio Portugal Telecom 2007 (Brasil).
 
FANTASIA LUSITANA
João Canijo, doc., 2010, 65’

A imaginada e imaginária propaganda do Salazarismo durante a II Guerra Mundial apregoou o feito da neutralidade graças ao génio de Salazar. De acordo com ela, que clamava a ausência da guerra no meio da guerra, Portugal era um paraíso de paz e tranquilidade, um “oásis pacífico”.

A sessão contará com a presença do realizador, João Canijo. Nascido no Porto, em 1957, começou a trabalhar em cinema como assistente de realização de Manoel de Oliveira, Wim Wenders, Alain Tanner e Werner Schroeter. Três Menos Eu, a sua primeira longa metragem, esteve no Festival de Cinema de Roterdão em 1988. Tem-se dedicado também ao teatro, tendo encenado peças de David Mamet e Eugene O’Neill.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Visões para 29 de Outubro

Mais tarde ou mais cedo, até os segredos bem guardados acabam por se deixar contar. Sexta-feira, dia 29, personagens reais e fictícias encontram-se com a verdade e, assim, consigo próprias. 

19h15

ICH BIN ENRICO MARCO

Santiago Fillol, Lucas Vermal, doc., 2009, 90’

Enrico Marco, ex-presidente da associação de deportados espanhóis, embarca numa viagem de carro até à Alemanha, numa jornada desmistificadora de volta ao passado, que culmina no campo de concentração onde se inventou a si próprio como sobrevivente.

A sessão será apresentada por Leonor Pinhão. Nascida em Lisboa, em 1957, estudou História na Universidade Clássica e mudou rapidamente para o curso de Cinema do Conservatório Nacional.Produziu espectáculos de teatro no final da década de 70. Foi jornalista durante muitos anos. Fez parte da equipa que fundou o Público em 1990. Foi co-autora do argumento do filme Um Adeus Português de João Botellho. Episodicamente trabalha para a televisão.

21h45


EYES WIDE OPEN


Haim Tabakman, fic., 2009, 91’

Aaron é um homem de família judeu ortodoxo, que aceita um jovem estudante, Ezri, como seu aprendiz no talho. No início, faz tudo para suprimir a atracção que sente pelo empregado. Contudo, mais cedo ou mais tarde, Aaron terá que escolher entre conformar -se com a moral dominante e permanecer fiel a si próprio.

A sessão será apresentada por Miguel Vale de Almeida. Nascido em Lisboa, em 1960, é professor associado com agregação no Departamento de Antropologia do ISCTE-IUL. A sua pesquisa tem focado processos de identidade social e discriminação em torno do género, “raça”, etnicidade e sexualidade. É activista do movimento LGBT. Presentemente é deputado à Assembleia da República.
 00h00

BURIED SECRETS

Raja Amari, fic., 2009, 91’

Aicha, Radia e a mãe vivem escondidas do mundo, na cave de uma mansão deserta. O equilíbrio precário das suas vidas vê-se subitamente ameaçado pela chegada de um jovem casal que se instala na casa. A coabitação, por mais bizarra, seria quase perfeita, não fosse a curiosidade de Aicha, a irmã mais nova, pelos novos vizinhos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Visões para 28 de Outubro

Há a laranja de meia-estação e há a vida vivida a metade, ou multiplicada por duas - uma que cumpre com o prometido e outra que corre atrás dos sonhos. Quinta-feira, dia 28, o Oriente dá-se a conhecer através de pequenas evidências que podem desmanchar ideias-feitas.
                                                           
19h15

JAFFA, THE ORANGE’S CLOCKWORK
Eyal Sivan, doc., 2009, 86’

Jaffa, the Orange’s Clockwork narra a história visual do famoso citrino originário da Palestina e conhecido, desde há séculos, em todo o mundo como “laranja Jaffa”. A leitura próxima da representação visual da marca ajuda à reflexão sobre a fantasia ocidental em torno da “Terra Santa” e do “Estado de Israel”.

A sessão será apresentada por Margarida Tengarrinha. Nascida em Portimão, em 1928, licenciou-se em Pintura na ESBAL onde iniciou a luta contra o regime salazarista ingressando no MUD Juvenil. No início de 1955 passou à clandestinidade com Dias Coelho, seu companheiro, que seria assassinado em 1961 pela PIDE. Em 2005 foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro pela Câmara Municipal de Portimão.
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21h45

MY TEHRAN FOR SALE


Granaz Moussavi, fic., 2009, 95’


Entre a vida que se deseja e a que se deve viver, reside o poder de escolha que se faz mesmo para além das regras. Filmado na íntegra em Teerão, o filme mostra-nos imagens nunca antes vistas de uma modernidade particular e da vida dupla de uma juventude que se debate, nos dias de hoje, pela liberdade cultural.

A sessão será apresentada por Alexandra Prado Coelho. Nascida em Lisboa, em 1967, licenciou-se em Comunicação Social. Jornalista do Público desde a sua fundação, em 1990, trabalhou na secção de Política Internacional, para o qual fez reportagens, sobretudo no mundo árabe e muçulmano. Em 2006 transferiu-se para a secção de Cultura do Público.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Visões para 27 de Outubro

O direito a uma história contada por cada um e a uma História partilhada por todos. Quarta-feira, dia 27, esta é uma das visões que pode encontrar a Sul, no Museu de Portimão.


19h15

TEHROUN
(Irão/França)


Nader T. Homayoun, fic., 2009, 95’


Ibrahim abandonou a aldeia e a família para tentar a sua sorte em Teerão. Mas o que o recebe é uma selva urbana, uma cidade onde tudo está à venda e onde o seu sonho se transforma rapidamente num pesadelo.

A sessão será apresentada por Teresa Nogueira, representante da Amnistia Internacional. Doutorada em Ciência e Engenharia dos Materias pela Universidade Nova de Lisboa, conta com uma vasta experiência na área dos Direitos Humanos. Como dirigente da Amnistia Internacional, levou a cabo acções de Educação neste âmbito junto de Escolas dos vários graus de ensino e da Escola de Guardas Prisioniais, acções de Formação sobre a Situação e Direitos dos Refugiados, entre outras iniciativas especialmente destinadas a jovens. 
21h45


ACÁCIO
(Brasil)


Marília Rocha, doc., 2008 – 2010, 88’

                                                             Entre 1918 e 2008, Acácio Videira e Maria da Conceição dividiram as suas vidas entre Portugal, Angola e Brasil. O filme mostra-nos a história do casal através de imagens do presente misturadas com excertos dos filmes de Videira e fotografias antigas, permitindo a criação de um espaço entre o que é visto e o que foi vivido, recordado e esquecido.

A sessão será apresentada por J. P. Simões. Nascido em Coimbra, em 1970, foi, nos últimos 16 anos, músico nos Pop dell’Arte, Belle Chase Hotel, Quinteto Tati e também a solo. Escreveu contos, letras de canções, argumentos para cinema e participou activamente como músico e actor em cinema.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A viagem vai começar...

As "Visões do Sul" chegam já dia 26 de Outubro, terça-feira, ao Museu de Portimão. O programa começa às 19h15, com duas curtas metragens da Suíça/Líbano e França/Senegal, respectivamente.

A sessão será apresentada por Margarida Vilanova. Nascida em Lisboa, em 1983, a actriz conta com mais de 20 anos de carreira. No cinema participou em filmes de João Mário Grilo, Mário Barroso, João Botelho e Raoul Ruiz, e tem integrado também o elenco de várias telenovelas.


THE MOURNING OF THE MERRY STORK
Eileen Hofer, fic., 2009, 15’
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A guerra é iminente, mas a grávida Nour recusa-se a admiti-lo. O marido, mais racional, convence-a a partir. Mal podem imaginar que estão a deixar para trás as memórias de um paraíso perdido.

UN TRANSPORT EN COMMUN

Dyana Gaye, fic., 2009, 48’

Na estação de comboios de Pompiers em Dakar, um táxi está prestes a arrancar para Saint Louis. Leva seis passageiros, cada um com uma história de vida diferente. Esta é uma comédia musical, que nos oferece um olhar fresco e esperançoso sobre África.

A abrir oficialmente a mostra este ano, será exibido, às 21h30, o documentário de Miguel Gonçalves Mendes, sobre José Saramago. O realizador estará presente para apresentar a sessão e conversar com o público depois do filme.

JOSÉ & PILAR
Miguel Gonçalves Mendes, doc., 2010, 125’
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"José & Pilar" retrata a relação de José Saramago e Pilar del Rio e tem como ponto de partida o processo de criação, produção e promoção do romance “A viagem do elefante”. A dura e custosa viagem do elefante reflecte a própria jornada do autor durante o processo de criação deste livro.

Prémio do Público

O Prémio do Público "Visões do Sul", no valor de 1.000,00€, será patrocinado pela Direcção Regional de Cultura do Algarve e entregue ao filme mais votado pelos espectadores! Os boletins de voto serão distribuídos à entrada de cada sessão e recolhidos no final do filme, à saída, depois de preenchidos com a pontuação.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Conferência de imprensa

Na passada quarta-feira, dia 13 de Outubro, pelas 18h, teve lugar a conferência de imprensa da segunda edição das "Visões do Sul", no Museu de Portimão, com a presença da Vereadora da Câmara Municipal de Portimão, Dra. Isabel Guerreiro, do Director do Museu de Portimão, Prof. José Gameiro, e do Director da Zero em Comportamento, Miguel Valverde.


















A Mostra Internacional de Cinema de Portimão "Visões do Sul" tem vindo a conquistar um espaço próprio na agenda e dinâmica cultural da cidade, ao propiciar, nas palavras de Manuel da Luz, Presidente da Câmara Municipal de Portimão, "um olhar renovado sobre a sétima arte". A Vereadora, Dra. Isabel Guerreiro, salientou a importância da iniciativa, que se pretende seja anual. Miguel Valverde apresentou os filmes que compõem a programação este ano e anunciou a lista de convidados que apresentam as sessões, a ter lugar no Museu de Portimão.

"José & Pilar", filme que inaugura a mostra este ano, contará com a presença do realizador, Miguel Gonçalves Mendes. João Canijo também estará presente para falar sobre "Fantasia Lusitana", a respeito da propaganda do Salazarismo durante a II Guerra Mundial. A lista de convidados inclui ainda Gonçalo M. Tavares, J. P. Simões, Margarida Vilanova, Miguel Vale de Almeida, Alexandra Prado Coelho e Inês de Medeiros. O documentário "Ich bin Enrico Marco" conta tambem com a presença de um dos realizadores, Lucas Vermal.



A visita ao museu é gratuita, mediante a apresentação do bilhete para a sessão de cinema. O preço dos bilhetes é de 2 € (3 €, caso o espectador pretenda assistir a duas sessões no mesmo dia, à sexta e ao sábado - desconto aplicado a duas sessões à escolha). O Passe Visões do Sul, no valor de 10 €, garante lugar em qualquer sessão.  

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Sul, cinema que soma vários pontos cardeais

A segunda edição do "Visões do Sul" está a chegar, com cinema que não se mede em distâncias e não se acanha com traduções. De 26 a 31 de Outubro, com a cidade cosmopolita de Portimão em mente e à luz da vida e obra de Manuel Teixeira Gomes, serão exibidos 13 filmes (11 longas e duas curtas metragens), entre documentários e ficções, que cruzam no mesmo espaço culturas e modos de vida diferentes.

Cada sessão será apresentada por um convidado proveniente de diversas áreas da sociedade portuguesa - entre os quais Inês de Medeiros, J. P. Simões e Gonçalo M. Tavares - e será seguida de uma conversa com o público. Consulte aqui a lista de filmes que integram a programação!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Visões do Sul abrem com "José & Pilar", sobre José Saramago

Terminado pouco antes da morte de José Saramago, o documentário “José & Pilar”, de Miguel Gonçalves Mendes, abre a Mostra Internacional de Cinema “Visões do Sul”, a 26 de Outubro, no Museu de Portimão. A programação completa será revelada na conferência de imprensa que vai decorrer esta quarta-feira, dia 13 de Outubro, no mesmo local.

“José & Pilar” retrata a relação entre José Saramago e a sua mulher Pilar Del Rio, acompanhando o seu dia-a-dia em Lanzarote, o processo de criação do romance “A viagem do elefante”, e as suas viagens de trabalho pelo mundo. O realizador Miguel Gonçalves Mendes estará presente para apresentar o filme e ter uma conversa com o público após a sessão.
















Inserida nas comemorações dos 150 anos do nascimento de Manuel Teixeira Gomes, a segunda edição das "Visões do Sul" apresenta uma programação que privilegia o entrosamento entre culturas e costumes, tão de acordo com a cidade que a recebe, e a oportunidade de ver o mundo através de outros olhos.

Sobre Manuel Teixeira Gomes

Nasceu a 27 de Maio, em 1860, em Portimão. Foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa, exercendo funções de 6 de Outubro de 1923 a 11 de Dezembro de 1925. Autor de obras literárias das quais se destacam "Gente Singular" (1909), "Novelas Eróticas" (1935) e "Maria Adelaide" (1938) é considerado um dos grandes estilistas da língua portuguesa da primeira metade do século XX. Viajou a título profissional pela Europa, norte de África e Médio Oriente, o que alargou consideravelmente os seus horizontes culturais. Faleceu a 18 de Outubro de 1941, na Argélia.

Sobre o Museu

Situado na antiga fábrica de Conservas La Rose, o espólio do Museu de Portimão inclui património industrial, naval, arqueológico, etnográfico e subaquático, mas também a colecção do portimonense Manuel Teixeira Gomes (Presidente da República entre 1923 e 1925), arquivos documentais/fotográficos, testemunhos orais e histórias de vida. Inaugurado em Maio de 2008, o Museu de Portimão foi congratulado este ano com o Prémio Museu Conselho da Europa 2010.